O sol caía sobre o rio Abujao, próximo à fronteira do Peru com o Brasil, quando o barco do líder indígena Jorge Pérez ficou sem combustível. Eram 17h de uma tarde de novembro e só lhe restava remar até o povoado mais próximo, para continuar no dia seguinte sua viagem até Pucallpa, capital da região amazônica de Ucayali, no Peru. Quando a ponta do seu barco tocou a costa, quatro pessoas, entre jovens e adultos, saíram do matagal.
«Quem é você? Nunca te vi antes», disse um dos mais jovens. «Eu vivo aqui. Acho que você está enganado. É a primeira vez que eu te vejo, isso sim», respondeu o líder indígena, com a firmeza de quem percorre o rio Abujao há mais de 20 anos.
Pérez narra que estava ciente do perigo quando percebeu que os quatro portavam armas de fogo de longo alcance. Ergueu o olhar e viu que no mato havia mais 20 pessoas. “Não sou o único habitante que passou por isso, mas, como todas essas pessoas são de fora, estão sempre averiguando se você é policial”, conta o líder indígena, que, por segurança, nos pede para proteger seu nome.