BNC Amazonas
Da Redação
08 de outubro de 2022
Amazônia brasileira
De 2017 até hoje foram ao menos 15 casos graves em que servidores e equipamentos estiveram sob risco
O sucateamento da proteção ambiental no Brasil no governo Bolsonaro deixa um rastro de destruição para além do desmatamento da Amazônia e outros biomas. Os servidores públicos do setor, como os agentes fiscalizadores do Ibama, por exemplo, hoje vivem acuados pelo medo e ameaças à própria vida.
A realidade é muito mais dura do que o incêndio criminoso de helicópteros do instituto ambiental em Manaus no dia 24 de janeiro deste ano. Conforme fiscais, essa modalidade de retaliação à atuação do Ibama já se tornou até comum. Ocorrências de agressões e ameaças se repetem país a fora.
De 2017 até hoje foram ao menos 15 casos graves em que servidores e equipamentos estiveram sob risco. Em dez dessas ocorrências houve ataques com fogo. Em áreas disputadas por madeireiros e garimpeiros na Amazônia já aconteceu até tiros contra fiscais.
“Um servidor levou garrafada na cara e colegas foram alvejados”, disseram fiscais ao O Globo.
Para os fiscais, os ataques são mais fortes desde setembro de 2021, embora haja fatos anteriores que justificam o medo sentido pelos servidores.
Em Boa Vista, capital de Roraima, por exemplo, criminosos incendiaram nesse mês uma viatura do Ibama. Conforme apurado, foi em vingança pela ação contra o garimpo que destruiu 270 pistas de pouso clandestinas, seis helicópteros e 15 aviões, entre outros.
Outro prejuízo importante aos garimpeiros, com atuação de fiscais do Ibama, veio dois meses depois. No rio Madeira, no Amazonas, uma operação federal destruiu várias balsas e equipamentos de exploração ilegal de ouro.
E não são apenas os agentes do Ibama as vítimas dos criminosos. Servidores do ICMBio (Instituto Chico Mendes) em Roraima chegaram até a ser feitos reféns em invasão de garimpeiros a estação ecológica. Em seguida, estes roubaram tudo que puderam da sede do órgão.
Incentivo político
Some-se a esse cenário pavoroso, em que os servidores se sentem desamparados pelo governo, a falta de equipamentos, redução de pessoal e até ameaças de políticos.
De acordo com os funcionários do Estado, é visível que esses ataques se intensificaram a partir de 2019. Da mesma forma, não têm dúvida que é crescente nesse período o apoio político à agressão.
“Apesar de esse tipo de ataque não ser uma novidade, o que se percebe é que, de 2019 para cá, ele tem se tornado muito mais presente e forte”.
Nesse relato, fiscal do Ibama que atuou na operação no Amazonas acrescenta que a agressão é estimulada por “discursos políticos que apoiam a extração ilegal de minérios”.
Sem recurso
Como resultado, de R$ 219 milhões destinados à fiscalização em 2021, o governo Bolsonaro cortou 60%. Assim, só restaram cerca de R$ 88 milhões.
Como resultado, ficou prejudicado principalmente o investimento em melhorias de condições de trabalho e contratação de novos profissionais.
*Leia mais na reportagem de Pâmela Dias e Ana Beatriz Moda em O Globo.
Foto: Divulgação/Ibama
Texto original disponível em: https://bncamazonas.com.br/ta_na_midia/fiscais-ambientais-na-amazonia-sao-acuados-e-entregues-a-sorte/