Pesquisadores da UFRN descobrem espécies de fungo na Amazônia

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G1 – 02/03/2017

Duas das três espécies de Scleroderma correm risco de extinção.
Cientistas estimam que mais de 1 milhão de fungos sejam desconhecidos.

S. anomalosporum foi encontrado em ilha do rio Xingu (Foto: Iuri Goulart/Cedida)

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) descobriram novas espécies de fungo na Amazônia brasileira. Das três espécies recém-classificadas, duas já correm risco de extinção por se encontrarem na área alagada para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Os espécimes são cogumelos do gênero Scleroderma. Eles são revestidos de um couro grosso, o perídio, que se abre em formato de estrela quando estão maduros.

As espécies ameaçadas, S. anomalospora e S. camassuense, foram recolhidas em março de 2015 na ilha de Camassu, no rio Xingu, antes da conclusão da obra de Belo Monte. A ilha é uma de cerca de 50 que ficaram debaixo d’água com a construção da represa. A terceira, S. duckei, foi encontrada na Reserva Adolfo Ducke, protegida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Segundo os pesquisadores, aproximadamente 1.000 espécies de macrofungos já foram descobertas na Amazônia e catalogadas, mas cientistas estimam que no mundo existam cerca de 1,5 milhão de espécies de fungos no total. A maioria das espécies desconhecidas estaria nas florestas tropicais, ameaçadas pela destruição dos habitats e pela introdução de espécies exóticas.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores do Laboratório de Biologia de Fungos da UFRN e teve a participação das universidades federais da Bahia e do Pará, do Inpa e da Universidade de Tottori, no Japão.

Espécime de S. duckei visto pelo microscópio (Foto: Iuri Goulart/Cedida)

Na natureza e no laboratório
O coordenador da pesquisa, Iuri Goulart, explica que os fungos são importantes porque fazem o papel de decompositores na cadeia alimentar, transformando a matéria orgânica em elementos inorgânicos, usados pelas plantas e outros “produtores”. Eles também podem ser usados por cientistas na criação de vacinas e medicamentos.

No entanto, Iuri destaca que, antes de descobrir aplicações para essas espécies, é preciso catalogar as espécies existentes. “Nosso estudo demonstra a urgência desse tipo de pesquisa, uma vez que existe um risco de que diversas espécies sejam extintas antes mesmo de serem descritas e nomeadas”, afirma.

Fungos do tipo dos Scleroderma, chamados ectomicorrízicos, também ajudam a nutrir solos inférteis fazendo simbiose com as raízes de árvores como o pinus e o eucalipto. Segundo o pesquisador, “apenas uma outra espécie do gênero havia sido descrita ocorrendo em vegetação nativa do Brasil”.

Fonte: g1.globo.com[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]